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Capítulo 5 |
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Sumário São abordadas as questões ergonómicas nos Postos
de Trabalho com computador, salientando a importância da prevenção
de problemas de saúde e da adopção do Design
Inclusivo. São apresentadas adaptações de Postos
de Trabalho e sugestões de equipamentos existentes no mercado
para esse efeito. |
Muitas pessoas que utilizam computadores regularmente e por longos
períodos de tempo sofrem frequentemente de: Na sua maioria, estes problemas estão relacionados com posturas incorrectas do corpo e com outros hábitos que podem mesmo dar origem a lesões graves e incapacitantes para o trabalhador. Fruto da natureza por vezes monótona e solitária deste tipo de trabalho, também são reportados outros tipos de problemas importantes a considerar, como por exemplo: - irritabilidade; Às quais, por sua vez estão associadas outras
consequências, como: Que se traduzem, finalmente em:
Postos de Trabalho em que se utilizam Ajudas Técnicas A necessidade de utilização de Ajudas Técnicas num Posto de Trabalho com computador exige adaptações específicas a cada caso, quer por via das características deste equipamento (dimensões, funcionalidades e áreas de acesso), quer pela natureza das especificidades do trabalhador em questão. Tratando-se de casos singulares, normalmente não é fácil encontrar soluções standard que resolvam todos os problemas; para conseguir um resultado satisfatório exige-se uma análise especialmente cuidada da relação entre a pessoa e o conjunto das questões que poderemos chamar de “condições de trabalho” – tarefa que constitui o objecto de estudo da Ergonomia. Dada a dimensão dos prejuízos pessoais e materiais envolvidos, em especial neste domínio, deve referir-se a importância de reunir profissionais qualificados para estudar e conhecer os problemas de que se reveste a deficiência ou incapacidade do trabalhador. Por outro lado, sempre que possível, é importante permitir a participação dos visados na concepção ou adaptação de um posto de trabalho.
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A Ergonomia estuda vários aspectos da relação da pessoa com as condições de trabalho, desde a sua postura e movimentos corporais (sentados, em pé, estáticos e dinâmicos, em esforço ou não), aos factores ambientais (os ruídos, vibrações, iluminação, clima e agentes químicos), aos equipamentos, sistemas de controlo, cargos e tarefas desempenhadas. Se todos estes factores forem conjugados adequadamente, proporcionarão ambientes seguros, saudáveis, confortáveis e eficientes, quer nos locais de trabalho, quer nos espaços destinados à nossa vida quotidiana. Uma intervenção Ergonómica pode pois realizar-se
tanto na fase de projecto de uma organização, como durante
a instalação e equipamento dos Postos de Trabalho, ou,
finalmente, na correcção de problemas detectados à
posteriori. Neste momento é que os responsáveis melhor
verificam a necessidade de intervenção; é também
quando esta é mais difícil e onerosa. O que é que se pode entender por Ergonomia preventiva? É o estudo do Posto de Trabalho na fase de projecto, actualizado ao longo do tempo, para que possa manter-se, tanto quanto possível, adequado às necessidades e características das pessoas que ali trabalham, e não o contrário.
Prevenção nos Postos de Trabalho com computador A prevenção dos problemas causados pela utilização continuada do computador, pode passar por estimular os trabalhadores a evitarem comportamentos gravosos. E, ao contrário, a adoptarem algumas atitudes correctas no local de trabalho conforme se sugere a seguir. Organizar a mesa de trabalho: Dividir em três partes a área de trabalho: - Zona de trabalho principal – a distância do cotovelo até à mão, ou a zona de mais fácil alcance. Usar esta zona para colocar os objectos que se usam com mais frequência. - Zona secundária de trabalho – a distância
do braço estendido sem esforço. - Zona de apoio/ arquivo – superior à distância alcançada pelos braços. Usar esta zona para os objectos que menos se utilizem. Evitar: - Sentar-se em posturas estranhas ou forçadas; Promover:
NOTA: No CD-ROM em anexo, podem ser encontrados diversos programas de aplicação deste tipo de exercícios.
Listas de verificação Regularmente deverá fazer-se uma “verificação” dos pressupostos de conforto estabelecidos no projecto, de modo a conseguir prever tendências de desvio da qualidade da solução inicialmente pensada. Encontramos frequentemente estas “Listas de Verificação”
nas “Instruções de Uso” dos próprios
computadores; podem pois servir de referência para uma experimentação
empírica da sua eficácia na prevenção
e no estímulo à manutenção de boas-práticas
no Posto de Trabalho. 5.2.2 Ergonomia Pós-traumática O que é que se pode entender por Ergonomia pós-traumática? Em caso de acidente ou doenças que causem incapacidades permanentes, há que ter em conta a reintegração do trabalhador na empresa, de preferência no mesmo Posto de Trabalho anterior à lesão, exigindo-se naturalmente, adaptações à nova condição desta pessoa. A reintegração pode prever ajustamentos diversos: - No espaço arquitectónico; Estas adaptações não podem deixar de ter em conta a performance e o bem estar do trabalhador, o que, como se referiu antes, exige a sua contribuição nesse processo. 5.2.3 O estudo e análise Ergonómica de um Posto de Trabalho Pelo que atrás foi dito se pode compreender que um estudo ergonómico tenha que abranger e relacionar da melhor forma, o conhecimento: Do trabalhador - suas características físicas; Das condições de trabalho - cargo, objectivos, horário, planeamento e organização
de tarefas, formação;
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O “tratamento especial” necessário para abordar a adaptação de um Posto de Trabalho a uma só pessoa, nem sempre significa que as soluções passem pela criação de instrumentos ou mobiliário “especiais”. A criatividade na escolha e adaptação de objectos existentes, associadas ao improviso e experimentação prática caracterizam muitas e boas soluções. Mas também podemos verificar que se facilitarmos a utilização de determinado objecto por quem tem alguma dificuldade, estamos a facilitar também esse trabalho a todas as outras pessoas com “menos dificuldades”. Com estes princípios do Design Inclusivo, podemos encontrar bons "programas" para o desenvolvimento de soluções inovadoras, que permitirão resolver aquele e, porventura, muitos outros problemas idênticos. De acordo com estes mesmos princípios do Design Inclusivo, deverão sempre que possível procurar-se soluções eficazes para todas as pessoas, sem necessidade de adaptação – e por isso não discriminatórias ou que exponham desnecessariamente os aspectos em que estes trabalhadores são “diferentes” ou “menos aptos” que os outros, em vez de valorizarem precisamente os restantes....
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No espaço arquitectónico - Organização e compartimentação do espaço e dos vários postos de trabalho presentes, ponderando aspectos como a distribuição da luz e ventilação naturais, mas também, novas necessidades de privacidade ou partilha de tarefas deste Posto de Trabalho; - Gestão de percursos internos e dos acessos ao Posto de Trabalho - muitas vezes solicitados quando há trabalhadores em cadeiras de rodas ou com grandes problemas de locomoção; - Nestes casos também é necessária uma intervenção nos espaços de utilização comum aos vários trabalhadores – como nos sanitários, bar ou refeitório, salas de convívio, etc, exigindo-se os conhecimentos técnicos adequados.
Mobiliário
É necessário ampliar esta área - através de “alongas” blocos rodados ou carrinhos, ou mesmo aplicando um novo tampo sobre o original - de modo que esses vários elementos fiquem acessíveis àquela mesma pessoa a partir do mesmo ponto em que se encontra. Também são inúmeras as dificuldades de adaptação das mesas pré-existentes às necessidades das pessoas com cadeiras de rodas: a localização das pernas das mesas e altura da estrutura dos tampos muitas vezes não permite a correcta posição da pessoa no posto de trabalho. As linhas de mobiliário com estrutura em “L” ou “T” libertam a frente das mesas de trabalho ficando mais espaço disponível. (deve-se verificar a altura útil necessária...) Existem porém sistemas de altura e ângulo regulável que permitirão mais facilmente adequar-se a cada caso. Aumentar a capacidade de arrumação/arquivo, junto do Posto de Trabalho, e dos documentos necessários ao trabalhador que tenha dificuldades de locomoção, Assim pode reduzir o número de deslocações facilitando a sua tarefa e consequentemente o sua satisfação e rendimento. Também se pode conseguir com estantes rotativas com blocos rodados, por exemplo. Equipamento/ instrumentos de trabalho Para além de soluções especializadas, existem produtos no mercado que podem ajudar na solução de novos problemas - tais como elementos articulados e módulos com perfuração “standard” que permitem suspender inúmeras peças diferentes - que ajudam a tornar mais próximos da área de alcance os vários objectos a utilizar. Candeeiros articulados ou outros elementos de extensão variável podem contribuir nestas adaptações. Sendo reguláveis e/ ou versáteis, permitem manter na posição mais indicada os documentos ou livros durante a leitura e digitação.
Permitem aproximar um determinado número de objectos ou ampliar a área útil de trabalho na área óptima de alcance.
Superfície de trabalho, extensões da superfície de trabalho e Arquivos:
Facilitam a utilização do rato e teclado corrigindo deste modo alguns vícios posturais. Solução versátil, permite que a superfície de trabalho seja devidamente iluminada e adaptável às necessidades de cada pessoa.
Cadeira:
Permitem regular, alterar posturas e ajustar a diversas pessoas, mantendo as posturas mais correctas.
Equipamento:
Minimizam o risco de lesões oculares.
Acessórios especiais:
Podem prevenir diversos tipos de problemas, nomeadamente as tendinites.
Outros:
Sendo reguláveis e/ ou versáteis, permitem manter na posição mais indicada os documentos ou livros durante a leitura e digitação. Para além dos próprios equipamentos especiais, descritos nos restantes capítulos, existem inúmeras soluções elementares, que permitem resolver alguns problemas, como por exemplo: - A plasticina pode ajudar a engrossar algumas ferramentas difíceis
de manusear por pessoas com redução dos movimentos das
mãos;
O projecto HANDYcap foi realizado no ano lectivo de 2001/2002 pelos alunos do 4ºano do Curso de Design de Equipamento da ARCA- Escola Universitária das Artes de Coimbra, orientado pela docente Arqª Paula Trigueiros. Pretendeu-se sensibilizar os alunos para programas de design envolvendo pessoas com necessidades especiais, técnicos e outras pessoas ligadas directamente à reabilitação ou promoção da melhoria da qualidade de vida destas pessoas, promovendo o conceito de Design Universal ou Inclusivo. O apoio da empresa “Handy” permitiu dar uma dimensão mais profissional a este trabalho académico, procurando-se obter soluções de produção simples para os problemas em estudo. Os trabalhos foram realizados por grupos de dois alunos, os quais escolheram, no total, sete casos de pessoas em geral integradas num posto de trabalho, acompanhadas pela APPC- Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral. Os alunos fizeram simulações de incapacidades na realização de diversas tarefas, visitas de estudo à APPC e ao Centro de Reabilitação Profissional de Gaia. Depois analisaram em pormenor os Postos de trabalho das pessoas em causa - quanto ao local, acessos e equipamento do posto de trabalho – e efectuaram um diagnóstico das principais dificuldades encontradas no desempenho da sua actividade diária. Finalmente definiram uma estratégia e desenvolveram propostas de intervenção com base em pesquisa de soluções no mercado que permitissem concretizar um protótipo das soluções. Podemos concluir hoje, que embora partindo de casos específicos, as soluções encontradas servem para muitas pessoas em circunstâncias muito diversas, e de modo simples de implementar. Foram realizados protótipos destes projectos que estão ilustrados nas páginas seguintes.
No sentido de homenagear e dar continuidade à obra do Engº Jaime Filipe — personalidade notabilizada pelas suas inúmeras invenções destinadas a resolver problemas de autonomia de pessoas com deficiência — foi criado um prémio com o seu nome, pelo Instituto para o Desenvolvimento Social, juntamente com o Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência e diversas outras entidades (UMIC, INPI, D.G. Saúde, A.P. da criatividade, DECO). Este prémio integra um “conjunto de medidas de prevenção e promoção da autonomia de pessoas com dependência” pretendendo, designadamente, “estimular a criatividade na área tecnológica e de design” ... Razões mais que suficientes para que o projecto HANDYcap merecesse ser candidato... E comprovadamente reconhecidas pela atribuição de uma Menção Honrosa.
alvo | Pessoas somente com uma mão funcional ou livre. descrição | O problema prendia-se
com o deslizamento das folhas de papel na superfície de trabalho
tendo somente uma das mãos livres ou funcionais. alunos | Filipe Coimbra e João Carvalho
alvo | Crianças utilizadoras de cadeira de rodas ou não. descrição | Pretendia-se que a mesa
fosse versátil, de modo a permitir o trabalho ao computador
ou outro, como por exemplo a pintura, assim como a possibilidade de
outra pessoa poder ajudar a criança nos seus trabalhos. alunos | Raquel Pereira e Fátima Pais
alvo | Todas as pessoas, apesar do caso estudado ser de uma pessoa que somente movia os membros inferiores. descrição | Dada a particularidade
do caso estudado, criou-se um conjunto de elementos específicos:
uma mesa articulada, de tal modo que os ‘braços’ permitem fazer
chegar até à área de melhor alcance dos pés
do P.M. a impressora e o scanner. alunos | Célia Cavaleiro, Jorge Moreira e Paulo Saraiva
alvo | Postos de trabalho de pessoas com perfis diferentes, pessoas com deficiência ou não, e necessidades de áreas de trabalho diversas. descrição | Inicialmente pensado para
um caso bastante específico, este projecto tornou-se um bom
exemplo de aplicação generalizada. alunos | Andreia Ferreira e Tiago Simões
alvo | Todas as pessoas, apesar de ter sido objecto de estudo um utilizador de cadeira de rodas. descrição | O problema estudado prendia-se
com a aproximação da mesa de trabalho, tampo da mesa,
assim como, do acesso a objectos distantes (pastas de arquivo, por
exemplo) que obrigam a diversas deslocações. alunos | Cristina Duarte e Suzana Rato
Cápsula alvo | Pessoas com pouca destreza ou força, e com baixa visão. Aplica-se também a todas as pessoas com pouca experiência no uso dos computadores. descrição | Pretende-se resolver problemas no manuseio e acesso aos cabos de ligação ao CPU, generalizando as “saídas”(USB), colocando sobre a mesa o interface. A “cápsula” permite uma fácil colocação da ficha USB na entrada respectiva. Facilita a identificação, orientação e o próprio encaixe ou desencaixe. alunos | André Santos
biCube alvo | Todas as pessoas, especialmente as que têm pouca precisão de movimentos ou movimentos descontrolados. descrição | O problema prendia-se com questões de manipulação, controlo e acesso aos drives de disquete e cd. Foi desenvolvida uma compartimentação do CPU (modelo HI FI). Permite uma organização mais flexível do posto de trabalho, e tendo o monitor como o existente nos modelos HI FI, permite visualizar os passos do funcionamento do hardware. O interface da drive de cds tornou-se intuitivo com batente de orientação da inserção do cd. alunos | Heitor Domingos
siliboo amigo da mesa alvo | Pessoas com pouca destreza ou amputadas nos membros superiores. Ou simplesmente qualquer pessoa somente com uma mão funcional. descrição | Suporte de borracha para arquivo temporário de CD`s e outros objectos usados no posto de trabalho. O Siliboo ajuda a fixar a caixa dos CD`s na posição vertical facilitando a sua abertura com uma só mão. alunos | Pedro Cardoso |
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