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Guia de Acessibilidade ao Software

Versão 23 de Abril de 2020

Símbolos de acesso para as deficiências motora, auditiva e visual

Este documento pretende informar os programadores de software sobre a questão da acessibilidade para pessoas com deficiência.

Um grande número de pessoas com paralisias, amputações, dificuldades de controlo dos movimentos, cegueira e surdez encontram nas tecnologias da informação importantes alternativas e oportunidades para a aprendizagem, para o acesso à informação, ao lazer e ao exercício de uma actividade ou vocação.

A acessibilidade a estas tecnologias é pois um factor decisivo para a sua qualidade de vida.

Em primeiro lugar é importante interiorizar que as limitações de interacção com um programa informático estão do lado da interface, composta pelo hardware e software, e não do lado das capacidades das pessoas com deficiência.

Para conceber um software sem barreiras para pessoas com deficiência é necessário ter presente as suas dificuldades e as soluções que as permitem contornar.

Dependendo do equipamento para o qual o software é desenvolvido, das funcionalidades de acessibilidade presentes no sistema operativo e das tecnologias de acesso existentes no mercado, a tarefa do programador poderá ser mais ou menos simples.

Em qualquer dos casos os conceitos-chave da acessibilidade são a redundãncia tanto ao nível da interacção como da informação e a compatibilidade com as tecnologias de acesso existentes. Com esta combinação deverá permitir o seguinte desempenho funcional:

  1. Utilização sem recurso à visão;
  2. Utilização com baixa visão;
  3. Utilização sem percepção da cor;
  4. Utilização sem audição;
  5. Utilização com audição limitada;
  6. Utilização sem oralidade;
  7. Utilização com manipulação e/ou força limitada;
  8. Utilização com alcance limitado;
  9. Minimizando o potencial desencadeamento de convulsões fotossensíveis;
  10. Utilização com disfunção cognitiva;
  11. Utilização com privacidade.

 

Requisitos Gerais de Acessibilidade para a deficiência motora

Símbolo de acesso para a deficiência motora

As deficiências motoras podem ser provocadas por artrites, tendinites, enfartes, paralisias cerebrais, esclerose múltipla e pela paralisia ou perda de membros ou dedos, entre outros motivos.

Um reduzido controlo dos movimentos e fraquezas musculares podem tornar difícil a utilização de teclados e ratos padrão, bem como a execução de acções que impliquem precisão e rapidez.

Por exemplo, algumas pessoas não conseguem premir duas teclas ao mesmo tempo, enquanto outras tendem a premir várias teclas ou a repetir letras quando as primem ou libertam.

Teclado no Ecrã
Teclado no ecrã

Estes utilizadores recorrem a vários sistemas sistemas específicos que aperfeiçoam ou eliminam a utilização do teclado e do rato.

Um programa para simular teclas presas permite às pessoas que não conseguem manter premidas duas ou mais teclas ao mesmo tempo (como CTRL+P) obter o mesmo resultado premindo uma tecla de cada vez. Um software específico pode simular o estado dos botões e o movimento do rato, por exemplo, através do teclado numérico. Também existem teclados de ecrã como alternativa ao teclado em hardware. Em situações mais graves, um simples interruptor activado por um movimento, som ou sopro pode ser suficiente para interagir com o computador.

Tendo em conta estas situações, a concepção de software deve assegurar a interacção nas seguintes modalidades:

  • sem o rato (dispositivo apontador);
  • sem o teclado;
  • personalizando o comportamento e a configuração dos periféricos de entrada com as opções de acessibilidade do sistema operativo;
  • sem movimentos precisos;
  • sem a necessidade de efectuar acções simultâneas;
  • sem limitações no tempo de resposta.

 

Requisitos Gerais de Acessibilidade para a deficiência auditiva

Símbolo de acesso para a deficiência auditiva

As pessoas surdas ou com deficiência auditiva não utilizam nenhum programa ou equipamento auxiliar. As principais dificuldades que encontram são a percepção e localização de sinais sonoros e o acesso a mensagens faladas ou a qualquer tipo de informação em áudio.

Mágico com mensagem: Atenção! Se não me pode ouvir, leia esta mensagem!!!
Informação redundante (sonora e visual) para garantir de acessibilidade auditiva

A estratégia de acessibilidade passa pela disponibilização de texto ou legendagem de conteúdos e instruções por voz e a sinalização visual de avisos sonoros.

A informação de um conteúdo em formato de áudio ou vídeo poderá ser apresentada num texto fixo ou através de uma legenda dinâmica sincronizada em tempo real com o som.

 

Requisitos Gerais de Acessibilidade para a deficiência visual

Símbolo de acesso para a deficiência visual

As pessoas cegas utilizam um programa genericamente designado por leitor de ecrã que possibilita a interacção com o computador sem recurso à visão. Este leitor envia a informação sobre os elementos que são visualizados no ecrã e a interactividade com o software para um sintetizador de fala (software ou hardware) e/ou terminal electrónico de braille (hardware).

Portátil com linha Braille
Portátil com linha Braille

Contudo, o leitor de ecrã não resolve todos os problemas de uma interacção "às cegas". Não é possível, por exemplo, ler um gráfico ou um texto sob a forma de imagem ou tornar fácil a utilização do rato.

As pessoas com baixa visão recorrem a programas que permitem aumentar o contraste e o tamanho dos textos, do cursor ou de uma zona parcial do ecrã. Nestas condições, os utilizadores poderão ter dificuldade em ler um texto e executar tarefas que requeiram coordenação visual e manual, como, por exemplo, mover um rato de computador.

Assim, o programador deverá assegurar a interacção com o software e o acesso à informação com recurso:

  • ao teclado;
  • a leitores de ecrã;
  • às opções de alto contraste do sistema operativo;
  • a programas de ampliação

 

Funcionalidade fechada

Quando o software estiver condicionado a uma tecnologia com funcionalidade fechada, esta deverá ser operável sem exigir que o utilizador ligue ou instale tecnologia de apoio.

Acessibilidade Web versus Acessibilidade no Software

A maioria das diretrizes de acessibilidade para conteúdos web do W3C (WCAG 2.1.), de nível A e AA, aplicam-se também ao software excepto em alguns casos, como:

  • 2.4.1 Ignorar Blocos de conteúdos repetidos (ex. menus de navegação)
  • 2.4.5 Localização por várias formas (mapa, motor de pesquisa,..)
  • 3.2.3 Navegação Consistente
  • 3.2.4 Identificação Consistente

Interoperabilidade com as tecnologias de apoio

Para além da maioria das diretrizes WCAG, outras regras devem ser garantidas de forma a garantir a interoperabilidade com as tecnologias de apoio, nomeadamente:

  • Não interferir com as opções de acessibilidade do sistema operativo onde corre o software.
  • O software deve utilizar serviços de acessibilidade (APIs de Acessibilidade) do sistema operativo para facilitar a interação com tecnologias de apoio. Também se aplica às Tecnologias de Apoio.
  • A função, estado, propriedades, nome, descrição e valores dos objetos deve ser ser programaticamente determinável (exposto à tecnologia de apoio através de uma API de acessibilidade do sistema operativo).
  • As linhas, colunas e cabeçalhos de uma tabela devem ser programaticamente determináveis.
  • Qualquer relação hierárquica entre objetos deve ser programaticamente determinável.
  • O conteúdos dos objetos de texto, bem com os seus atributos devem ser programaticamente determináveis.
  • A lista de ações disponíveis num objeto deve ser programaticamente determinável (ex. um determinado dado poder ser apagado, editado ou copiado).
  • O acompanhamento do foco do cursor, ponto de inserção de texto, e atributos de seleção devem ser programaticamente determináveis.
  • A notificação de eventos relevantes para as interações do utilizador incluindo, entre outras, alterações nos estados, valor, nome, descrição ou limite do componente, deve estar disponível para a tecnologia de apoio.

Acessibilidade da Documentação

As funcionalidades do software e as facilidades de usabilidade para pessoas com deficiência devem estar documentadas com redacção e formato acessíveis.

A documentação em papel apresenta várias desvantagens face à versão electrónica tendo em conta as dificuldades associadas à manipulação ou leitura por parte de pessoas com deficiência motora e visual, respectivamente.

A informação e apresentação do texto não deve apoiar-se exclusivamente em cores e referências a imagens.

Adopte as regras de acessibilidade aos conteúdos da Web na criação de um documento em versão electrónica. Assegure que o texto associado à ligação das páginas é esclarecedor para quem as ouve com um sintetizador de fala. Evite o uso do mesmo texto para ligações diferentes pois gera ambiguidade para utilizadores de leitores de ecrã.

 

Última atualização: 23/04/2020