O Significado dos Símbolos

 

 

As Potencialidades da Utilização de Símbolos

 

 

 

 

 

 

 


Este folheto destina-se a instituições, professores, pais e educadores que desenvolvam actividades com crianças e adultos com dificuldades de aprendizagem, e que possam reconhecer as potencialidades da utilização de símbolos no seu trabalho.

Procuramos explicar o que são símbolos, como podem ser úteis e como identificar as principais questões relacionadas com a utilização de símbolos.

 

Este folheto pode ser fotocopiado, desde que com conhecimento do seu autor.

 

 

Ficha Técnica

 

Versão original: ã 2000 Widgit Software Ldt

Composição e edição: Cnotinfor, Lda.

Tradução e adaptação para português: Patrícia Correia e Teresa Pinto

 

 

ã 2000 Widgit Software Ltd

26 Queen Street, Leamington Spa, CV31 1LF

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Conteúdos

 

1.    Símbolos: A Quem Podem Ajudar?- 4

2.    O que São Símbolos?- 5

3.    Porque Utilizar Símbolos?- 7

3.1.   Como Meio de Comunicação-- 7

3.2.   Como Fonte de Informação-- 7

3.3.   Como Forma de Escrever- 8

3.3.1.   Grelha ou “Janela de Envio” no Ecrã- 9

3.3.2.   Teclados de Conceitos- 9

3.3.3.   Tutor 11

3.4.   Como Auxiliar ao Texto Comum-- 11

4.    Que Tipos de Símbolos Existem?- 12

5.    Tipos de Símbolos- 12

5.1.1.   Símbolos Reconhecíveis- 13

5.1.2.   Símbolos Representativos- 13

5.1.3.   Símbolos Ilustrativos – traduzem conceitos abstractos- 14

5.1.4.   Símbolos Abstractos – necessitam de explicação- 14

6.    Alargar o Significado e Representação dos Símbolos- 15

7.    Conjuntos de Símbolos e Utilização de Símbolos Próprios- 16

8.    Informação Acessível: Criar Escrita com Recurso a Símbolos- 17

9.    Literacia com Recurso a Símbolos- 18

9.1.   Introduzir os Símbolos- 18

9.2.   Auxiliar o Desenvolvimento Inicial da Linguagem-- 19

9.2.1.   Correspondência de Símbolos e Reconhecimento da Letra Inicial 19

9.2.2.   Reconhecimento e Compreensão de Símbolos- 20

9.2.3.   Fazer Opções e Expressar Opiniões- 20

9.3.   Verificar a Compreensão-- 21

9.4.   Voz e Som-- 21

10.  Material Apropriado para a Leitura- 23

11.  A Educação de Adultos- 23

11.1.   Alguns Exemplos de Utilização-- 23

11.2.   Compreender Direitos e Responsabilidades- 24

11.3.   Informação Acessível: um Aviso-- 25

12.  Outros Recursos- 26


O Significado dos Símbolos

Desde há muito, os símbolos têm sido utilizados para melhorar a comunicação de pessoas com dificuldades físicas e/ou de aprendizagem, através de livros e de quadros de comunicação.

No entanto, só recentemente a utilização de símbolos se revelou como uma ferramenta essencial para o ensino, um auxiliar de aprendizagem e como um contributo para a independência dos seus utilizadores.

 

 

§         Crianças até aos 6 anos, que ainda não utilizam a linguagem escrita – podem começar a ler ao reconhecer e ordenar imagens para comunicar ideias.

§         Crianças com dificuldades de reconhecimento de palavras, soletração ou compreensão, ou que simplesmente necessitem de motivação para escrever – podem ser estimuladas e auxiliadas através das imagens, dos símbolos e do som (por exemplo, crianças com dislexia).

§         Adultos e jovens com dificuldades de aprendizagem – podem utilizar símbolos como forma de acesso à leitura e à escrita, adquirindo assim independência e autonomia.

§         Pessoas que utilizam sistemas de comunicação aumentativa e alternativa (CAA) como recursos normais de comunicação.

 

 


O acesso à informação por parte de pessoas de diferentes culturas e com diferentes capacidades é, cada vez mais, um tema em destaque nos nossos dias. É vulgar encontrarmos documentos escritos em várias línguas e é também comum a preocupação em tornar a informação igualmente acessível a pessoas com dificuldades de aprendizagem.

Por outro lado, também para pessoas que não lêem ou que dominam pouco a leitura, tem sido necessário proporcionar meios para transmitir informações através de formas gráficas de mais fácil compreensão.

 

Uma das formas de poder tornar a informação mais acessível é colocar símbolos junto do texto escrito.

No nosso quotidiano, a utilização de símbolos é já bastante comum, por exemplo, nos aeroportos, onde é frequente a presença de pessoas estranhas à língua do país onde se encontram.

Nas escolas, há vários anos que a utilização de símbolos ilustrados tem constituído um auxiliar para crianças com dificuldades de comunicação e de aprendizagem. Também a nível da Educação de Adultos, o uso dos símbolos revelou-se um instrumento de facilitação do acesso à informação, à aprendizagem e à auto-expressão.

 

A importância da ilustração como ferramenta de apoio à leitura e à escrita, sobretudo para crianças que estão a aprender a ler e escrever, é um dado adquirido.

Ao visualizar a palavra junto da imagem, o leitor certifica-se mais rapidamente do conteúdo da palavra e, consequentemente, torna-se mais confiante.

 

O incremento da utilização do símbolo tem sido significativamente influenciado pelo advento do software de símbolos.

O software Escrita Com Símbolos tem constituído para muitas escolas, instituições, professores e educadores um instrumento de grande utilidade para a criação de novos materiais, bem como para a utilização de formas de escrita úteis para finalidades de vária natureza.

Existem já vários sistemas de símbolos muito completos, que abrangem um vasto vocabulário e uma ampla série de significados. O Escrita Com Símbolos vem alargar o seu leque de finalidades, adicionando-lhes flexibilidade e facilidade de utilização.

 

No Reino Unido, muitos colégios e escolas recorrem regularmente aos símbolos nos seus currículos, para facilitar o acesso à aprendizagem por parte de alunos com dificuldades de compreensão do texto.

Como consequência, as novas gerações, emergem já numa cultura de “literacia simbólica” e que esperam continuar a utilizar no futuro como um meio de comunicação.

 

As gerações anteriores, que há alguns anos deixaram o sistema de ensino, estão menos familiarizadas com a linguagem simbólica.

No entanto, os novos contextos onde agora se inserem (instituições, centros de dia, lares, hospitais, colégios) podem constituir, igualmente, excelentes oportunidades para a utilização dos símbolos como instrumento de aprendizagem e como de incremento de autonomia e independência.

 

 

3.1.       Como Meio de Comunicação

Como meio de comunicação, os símbolos podem apresentar-se na forma de Livros de Comunicação, Auxiliares de Comunicação, rótulos e etiquetas, auxiliares de opção.

Por exemplo, um senhor que sofreu uma doença súbita recorreu a um Livro de Comunicação para o ajudar a dizer palavras que não recordava o significado correcto. Bastava-lhe apontar para o símbolo correspondente que, por sua vez, trazia um pequeno texto explicativo para o seu receptor poder ler. Com este livro, podia comunicar sem dificuldade.

 

3.2.      Como Fonte de Informação

Nas Instituições de Adultos (centros de dia, lares, residências), os símbolos são utilizados para indicar informações do dia-a-dia: ementas, horários, lembretes, etiquetas, planos de actividades, listas de compras, indicações de percursos.

Em empresas e organizações, os símbolos podem ser igualmente úteis para comunicar informações importantes a todos os membros ou trabalhadores.

 

 

As pessoas que estiverem a vender bandeiras e panfletos devem dirigir-se às caravanas da organização às 11.00 h.

 

Existem várias formas de utilizar os símbolos como fonte de informação:

§         Ilustrar um texto informativo de grandes dimensões com um ou dois símbolos que ajudem a sugerir o significado da mensagem.

§         Utilizar símbolos para ilustrar todas as palavras-chave do texto, de maneira a que os leitores adivinhem o seu significado.

§         Atribuir um símbolo a cada palavra da mensagem, quando exista uma grande familiaridade com a utilização de símbolos.

 

3.3.      Como Forma de Escrever

Cada vez mais, os utilizadores de símbolos podem “escrever”. O software de símbolos permite ditar a um tutor que escreve no computador, ou seleccionar símbolos a partir de um conjunto predeterminado numa grelha.

Esta segunda opção dispensa um tutor, no entanto, o vocabulário disponível é mais restrito. Em ambas as hipóteses, o utilizador pode voltar a ler o que “escreveu” e sentir-se, deste modo, mais confiante e seguro relativamente aos documentos produzidos.

Os alunos que não conseguem escrever textos nem usar o teclado, podem seleccionar símbolos dentro de uma sequência. Desta forma, é possível “escreverem” diversos materiais como cartas, listas, etc.

 

Existem três maneiras de auxiliar estes alunos a criarem os seus próprios materiais escritos:

§         Grelha ou “janela de envio” no ecrã

§         Teclados de conceitos

§         Tutor

 


3.3.1.        Grelha ou “Janela de Envio” no Ecrã

O Escrita Com Símbolos permite utilizar uma ou mais listas ou frases de símbolos no documento que se pretende escrever. O conteúdo da “janela de envio” pode ser adicionado ou corrigido muito facilmente e o utilizador pode introduzir novas palavras ou ideias, à medida das suas necessidades.

A desvantagem da “janela de envio” é o facto de ocupar grande parte do campo visual disponível, o que limita o número de símbolos visíveis no ecrã. No entanto, como as janelas são electrónicas, a janela visível pode ser alterada ou substituída por outra, bastando seleccionar uma célula da grelha.

Esta é a forma mais flexível de escrever através da escolha de símbolos. O programa permite ainda utilizar o teclado normal simultaneamente com a “janela de envio”.

 

3.3.2.        Teclados de Conceitos

Um teclado de conceitos pode ser utilizado ao mesmo tempo que um teclado convencional e contém células que podem ser programadas com mensagens de texto e/ou imagem. Estas são enviadas para o computador quando a lâmina é pressionada.

A sua vantagem reside no facto de os símbolos e as células serem grandes, permitindo o acesso de utilizadores que não consigam manipular o teclado normal, o rato ou um interruptor.

Pode ser também um excelente ponto de partida para auxiliar pessoas com dificuldades na escrita.

 

Por exemplo, a Daniela é uma criança com necessidades educativas especiais que nunca tinha visto ou utilizado símbolos anteriormente, mas conhecia a grafia dos seus amigos, e desejava muito poder escrever também. Com recurso à visualização de símbolos num teclado de conceitos e com a explicação gestual de alguns símbolos como “eu gosto” e “amigo”, ela começou a escrever. Primeiro, escolheu “eu gosto”, depois adicionou a imagem da torre de Universidade de Coimbra, que tinha visto no dia anterior. De seguida, a Daniela pesquisou símbolos e imagens relacionados com dança e música, pois lembravam-lhe uma festa do dia anterior.

A Daniela utilizou uma lâmina para criar o seu primeiro texto. Pesquisou e escolheu os símbolos aos quais atribuía significado, e depois, com ajuda, construiu os seus pensamentos.

A Daniela estava feliz por encontrar símbolos que reconhecia e não pareceu nada inibida pelos que não identificava. Ouvir as suas próprias mensagens e verificar que conseguia transmitir exactamente o que queria foi uma experiência entusiasmante.

3.3.3.        Tutor

Alguns alunos podem não possuir capacidades visuais e manipulativas para comunicar as suas ideias através das soluções que apresentámos atrás. Neste caso, o aluno pode ditar as ideias ou apontar para elas num livro ou folha de símbolos. O adulto que o ajuda funciona como um mecanismo de impressão, como um tutor. Este não deve interferir no conteúdo e o documento deve ser valorizado como qualquer outro.

Esta técnica confere ao seu utilizador confiança na construção e valorização das suas ideias. A partir destas experiências, podem construir-se materiais de leitura originais (sobre temas como amizade, família, lugares) que podem ser complementados com software de símbolos e fotografias.

 

3.4.      Como Auxiliar ao Texto Comum

O David escreveu esta história com a ajuda da professora. Os símbolos permitiram-lhe voltar a ler o que tinha escrito. Foi depois convidado a fazer um desenho para cada página. No final, o seu trabalho foi transformado num livro de leitura, o que o deixou muito orgulhoso.

Quer o escritor recorra a uma pessoa ou a um computador, escrever é sempre um processo que estimula e aumenta a compreensão da literacia. À medida que escreve e que visualiza os símbolos, a pessoa reforça a compreensão daqueles significados.

A partir destas técnicas, crianças e adultos podem fazer os seus próprios livros de leitura, histórias de vida, folhas de informação, cartas, horários, notícias, lembretes.

O acesso à leitura e à escrita é muito mais do que literacia, é também autonomia, auto-estima e respeito. E a escrita simbólica é certamente uma ferramenta muito útil e válida nesse processo.


Na comunicação escrita existem diferentes tipos de imagens e símbolos. As fotografias, por exemplo, são bastante úteis para indicar grupos específicos de pessoas e podem, facilmente, ser adicionadas ao software como símbolos.

O Escrita Com Símbolos trabalha com dois conjuntos de símbolos: o Rebus Symbol Collection (publicado pela Widgit Sofware) e o Picture Communication System (PCS – publicado pela Mayer-Johnson). Os símbolos do PCS são mais ilustrados, mas ambos possuem características comuns.

 

Aqui iremos utilizar principalmente o Rebus Symbol Collection, apesar de a maior parte da informação se aplicar aos dois conjuntos de símbolos.

 

 

Existem símbolos que são facilmente reconhecidos e compreendidos. No entanto, a maioria requer alguma aprendizagem e conhecimentos. A experiência diz-nos, contudo, que uma imagem gráfica é muito mais facilmente relembrada do que um texto equivalente ao seu conteúdo (“Uma imagem vale mais que mil palavras.”).

Para compreender bem a linguagem simbólica, é necessária alguma familiaridade e alguns cuidados prévios na forma como aquela é introduzida. Para um principiante, a utilização de material informativo de apoio é benéfica.

 

Muitos símbolos são representações ilustradas de objectos, ideias ou verbos. Este tipo de símbolos é de fácil compreensão e muitos são auto-explicativos:

Outros são mais abstractos e representam conceitos menos concretos, sendo necessário serem acompanhados por elementos linguísticos.

 

Na verdade, os símbolos podem ser agrupados em quatro classes, que variam conforme o nível de aprendizagem ou instrução que exigem:

§         Símbolos reconhecíveis;

§         Símbolos representativos;

§         Símbolos ilustrativos;

§         Símbolos abstractos.

 

5.1.1.        Símbolos Reconhecíveis

São puramente ilustrativos. Não exigem muitos conhecimentos nem nenhuma aprendizagem específica, bastando apenas que o leitor reconheça o objecto ou acção a que se referem.

 

5.1.2.        Símbolos Representativos

Requerem alguma explicação, a partir da qual o seu significado possa ser adivinhado. Alguns exemplos são:

 

Normalmente, encontram-se agrupados. Ao perceber o primeiro de cada grupo, automaticamente o leitor entende os restantes. A aprendizagem de grupos de símbolos torna mais fácil a sua compreensão, uma vez que estão inter-relacionados.

5.1.3.        Símbolos Ilustrativos – traduzem conceitos abstractos

Referem-se ao conceito apresentado, de forma gráfica. Não ensinam um conceito, mas lembram ao leitor um conceito já compreendido anteriormente. Necessitam de uma explicação, no entanto, para pessoas com dificuldades de aprendizagem será muito mais fácil relembrar o símbolo do que o texto alternativo. Este tipo de símbolos inclui conceitos como:

 

5.1.4.        Símbolos Abstractos – necessitam de explicação

Implicam ensinamento e explicação. São símbolos utilizados muito raramente.

 

 


À medida que a utilização de símbolos aumenta por parte de escritores e leitores, torna-se imperativo alargar o seu leque de significados, permitir significados mais detalhados e incluir indicadores gramaticais. Por exemplo, no Escrita Com Símbolos, a seta para trás indica o tempo verbal Passado.

 

O Escrita Com Símbolos inclui os conjuntos de símbolos Widgit Rebus e PCS. Estes conjuntos proporcionam uma excelente plataforma dos mais diversos materiais, para qualquer utilizador.

Os símbolos PCS são mais coloridos e constituem um óptimo ponto de partida. Para o utilizador que procura um vocabulário mais adequado ao desenvolvimento da literacia e não apenas a simples comunicação directa, os símbolos Widgit Rebus são os mais indicados.

Geralmente, existe uma progressão que vai do objecto para a fotografia, para a imagem colorida, para o símbolo e, eventualmente, para o texto. O processador de palavras permite, no entanto, alterar esta ordem, em qualquer parte da plataforma.

 

As ilustrações que se seguem mostram um conjunto de símbolos que vai desde a imagem ilustrada colorida, ao desenho de linha e à representação esquemática.

 

Podem ser utilizados qualificativos simples para adicionar sentidos gramaticais, como por exemplo, setas para indicar tempos verbais.

Esses qualificativos podem ser adicionados ao Gestor de Recursos, permitindo alargar o vocabulário à medida das necessidades. O Escrita Com Símbolos permite ainda combinar diversos símbolos para representar ideias mais complexas.

 

 

O símbolo é uma representação de um objecto, ideia ou acção. Pode ser utilizada qualquer imagem gráfica como símbolo, desde que o leitor a consiga entender. Algumas imagens são muito comuns, como os sinais de trânsito. Outras necessitam de um formato mais personalizado, como por exemplo, as fotografias. Este tipo de símbolos é independente e pode ser estilizado e diversificado.

Um conjunto de símbolos com um estilo comum e inter-ligados por determinado sistema de regras constitui uma ferramenta de linguagem simples e flexível.

 

Os símbolos gráficos podem ser bastante úteis como instrumentos de desenvolvimento da linguagem, de incremento do vocabulário e significados e da interpretação de ideias.

 

Nos conjuntos de símbolos do Escrita Com Símbolos, os símbolos foram seleccionados de acordo com alguns critérios: utilização comum, verbos, adjectivos e pronomes (em número suficiente que correspondam a conceitos como vestuário, transportes, alimentação, pessoas, em conjunto com a forma negativa, e expressões relativas a sentimentos e estados de espírito).

 

O sistema Widgit Rebus não é um sistema fixo, pois permite o desenvolvimento e adição de novos conceitos e símbolos na medida das necessidades do utilizador.

Os contributos dos utilizadores do software têm permito alargar o vocabulário, de modo a cobrir cada vez mais áreas e necessidades sociais.

Desta forma, os sistemas de símbolos podem crescer e responder mais cabalmente às novas exigências.

 

Apesar da grande diversidade de opções, o utilizador pode necessitar de uma imagem específica, como uma fotografia, um símbolo pessoal ou local. Com o Escrita Com Símbolos, é possível criar os seus próprios símbolos, imagens coloridas ou digitalizadas, a partir do scanner ou da máquina fotográfica digital. O uso de fotografias pode ser bastante útil para crianças e adultos, sobretudo como um meio de descrever experiências, lugares familiares, pessoas.

 

 

Informação acessível é a informação apresentada numa forma que o leitor a consiga compreender e utilizar. Todos necessitamos deste tipo de informação, seja num panfleto ou num manual de instruções. O uso de imagens, fotografias, diagramas pode contribuir para comunicar informação de uma forma mais rápida e fácil. É aqui que se encontra o papel dos símbolos.

 

Antes ainda da utilização dos símbolos, o escritor deve certificar-se de que a informação e o vocabulário que pretende transmitir se adequam ao leitor, ao seu nível de compreensão, à sua familiaridade com símbolos.


Por exemplo, panfletos para uma vasta audiência devem incluir poucos símbolos, uma vez que a maior parte das pessoas pode não estar acostumada à linguagem simbólica. A melhor opção é fazer uma selecção cuidada de símbolos, que indiquem pistas úteis para o significado do texto.

 

No Escrita Com Símbolos, o utilizador pode configurar o programa de forma a que os símbolos não apareçam de forma instantânea, mas seja necessário carregar numa tecla de função para visualizar o símbolo de uma palavra. Deste modo, consegue-se evitar um excesso de gráficos no ecrã e no documento.

No exemplo que se segue, apenas existem símbolos para a informação mais importante.

 

 

9.1.      Introduzir os Símbolos

Para alguns alunos, a transição de imagens para palavras pode ser muito boa. Os símbolos podem constituir um estádio intermediário, no qual uma imagem específica generaliza o conceito, antes ainda da descodificação da palavra correspondente.

A utilização de símbolos (para rotular objectos, criar jogos de correspondência, fazer cartões de símbolos) pode ainda proporcionar o conteúdo linguístico necessário para o desenvolvimento de muitas competências cognitivas e de linguagem, antes da leitura.

 

O Escrita Com Símbolos permite ao aluno verificar o significado de cada palavra, bastando olhar para a imagem associada ou ouvir a própria palavra.

 

9.2.      Auxiliar o Desenvolvimento Inicial da Linguagem

9.2.1.        Correspondência de Símbolos e Reconhecimento da Letra Inicial

O Escrita Com Símbolos permite construir conjuntos de cartões com símbolos e imagens, com os quais se podem fazer jogos do tipo “dominó”, jogos de pares, jogos de correspondências de vários níveis (imagem para imagem, imagem para letra inicial, imagem para objecto, som, rima).

 

Existem também outros programas que ajudam a relacionar símbolos a acções ou palavras, por vezes com recurso a som, e cujos símbolos podem ser adequados a utilizadores de várias idades.

 


9.2.2.        Reconhecimento e Compreensão de Símbolos

Cartões de Acção

Nesta actividade, os alunos são convidados a reconhecer e responder a mensagens de símbolos ou, em alternativa, iniciar a acção. Sobre a mesa, colocam-se os cartões (como os que vemos na figura), voltados para baixo ou dentro de um saco, que vão ser virados ou retirados, um de cada vez. Cada cartão representa uma actividade diferente. Os alunos são chamados a reconhecer o seu significado, treinar a sua habilidade para ler e agir segundo instruções, bem como utilizar os seus conhecimentos gerais.

 

9.2.3.        Fazer Opções e Expressar Opiniões

Um exemplo:

Num Centro de Dia, os funcionários repararam que a maior parte das pessoas não escolhia a ementa da cantina por sua opção, mas antes por ser a que estava mais perto e acessível. Decidiu-se dar um cartão diariamente a cada pessoa pela manhã, com as várias opções de menu. Cada um, com tempo, tomava a sua decisão de forma pensada, discutia as suas opções em grupo e o grupo comunicava posteriormente ao pessoal da cantina. Desta forma, as pessoas passaram a ter tempo para fazer opções e as suas decisões passaram a produzir resultados efectivos.

Um outro grupo recorreu a cartões de conversação para encorajar pessoas a conversarem entre si, em vez de o fazerem através do professor ou educador. O grupo escolhia um cartão, lia-o em voz alta e depois respondia individualmente; a seguir, colocavam a pergunta a outra pessoa e, por fim, aprendiam a colocar questões uns aos outros para procurar informações adicionais.

 

 

 

 

 

 

 

9.3.      Verificar a Compreensão

A verificação da compreensão da mensagem pode implicar tarefas como ver palavras em grupos, fazer experiências com palavras, ligar imagens e palavras.

Por vezes, visualizar conjuntos de palavras ajuda a depreender o conceito base desse conjunto: categorizar palavras e objectos em famílias; atribuir uma ilustração a cada sinónimo pode ajudar a escolher o mais acertado.

Um aluno que utilize o verificador ortográfico para aferir o significado das palavras, pode seleccionar mais facilmente as que realmente pretende utilizar. O verificador ortográfico do programa ajuda o utilizador a verificar as suas opções, bem como a sua soletração.

 

9.4.      Voz e Som

A função de poder ouvir o que se escreveu permite que o aluno oiça a sua própria escrita ou a dos outros. Pode ser utilizada para verificar o sentido do que se escreveu. É útil, por exemplo, quando se demora muito tempo a escrever uma ou mais frases e o seu significado começa a perder-se.

No Escrita Com Símbolos, é ainda possível realçar cada palavra, à medida que é ouvida, ajudando o leitor a localizá-la mais rapidamente no documento.

O utilizador pode adicionar sons às palavras, com vista a diferentes finalidades. Por exemplo, gravar palavras na língua materna e noutra língua permite aprender não só o significado de cada palavra, mas também aprender a outra língua.

 

Mesmo quando se trabalham símbolos a um nível mais ilustrativo, e não apenas esquemático, o computador (neste caso, com o Escrita Com Símbolos) pode ser bastante útil para explorar ideias, melhorar o reconhecimento e guardar opções.

A adição de sons a imagens torna-as mais facilmente compreensíveis.

 

 

Um exemplo: uma grelha com fotografias ou imagens de familiares e amigos. Cada fotografia ou imagem contém a gravação da pessoa fotografada, que será ouvida quando o utilizador a seleccionar.

 

A fotografia ou imagem, bem como o texto “escondido” são enviados para um documento escrito que está atrás da grelha, de maneira a guardar um registo da actividade para discussão posterior.

 


10. Material Apropriado para a Leitura

É muito difícil encontrar livros e material escrito adequados à idade e aos interesses dos leitores com dificuldades de aprendizagem. O que existe normalmente são livros com algumas ilustrações, fotografias ou símbolos.

Em alternativa, podem-se criar livros personalizados, com fotografias e símbolos, a partir deste tipo de software.

 

 

 

 

A Educação de Adultos tem sido uma área privilegiada de utilização de símbolos, sobretudo em contextos de dificuldades de aprendizagem. Os símbolos têm a vantagem de serem acessíveis para todas as idades e de constituírem excelentes alternativas ou complementos ao texto escrito.

 

11.1.  Alguns Exemplos de Utilização

Informação

Todos nós necessitamos de utilizar símbolos para tornar a informação mais inteligível e, em especial, as pessoas com dificuldades de aprendizagem. Por exemplo, minutas de reuniões, lembretes, listas, podem ser utilizados facilmente por todos, se se recorrer aos símbolos.

 

 

11.2.  Compreender Direitos e Responsabilidades

Uma maior independência implica também uma maior responsabilidade. A adição de símbolos a ideias ou palavras-chave de um documento tornam-no mais acessível, funcionando até como um auxiliar de memória, desde que os símbolos tenham sido já explicados ao leitor. Documentos como contratos, acordos, protocolos podem ser de difícil compreensão para pessoas com dificuldades de aprendizagem. A utilização de símbolos ajuda a relacionar mais facilmente as ideias e os conteúdos do texto.

Existem já algumas empresas que utilizam diversos documentos, tanto em forma escrita como simbólica.

Por outro lado, outros documentos padrão começam a ser também “traduzidos” em símbolos: livros de reclamações, panfletos, manuais. A preocupação dessa “tradução” deve ser sempre, entre outras, a de não exagerar no número de símbolos e não colocar imagens dúbias ou enganadoras.

 


11.3.  Informação Acessível: um Aviso

À primeira vista, toda a informação que utilize símbolos se torna mais acessível. No entanto, não podemos deixar de salientar que nem sempre isso se verifica.

A adição de símbolos só pode elucidar uma mensagem cujo teor e linguística sejam claros e concisos. Antes de adicionar ou “traduzir” qualquer mensagem, é imprescindível escrevê-la primeiro numa linguagem simples e clara. Os símbolos não ensinam conceitos, mas podem facilitar a sua compreensão.

Não faz sentido utilizar símbolos para conceitos que o leitor não conheça bem.

 

A utilização de símbolos deve ser um processo organizado, coerente e consistente.

Quando estas condições estão reunidas, os símbolos podem prestar contributos efectivos às vidas pessoais e sociais de pessoas com dificuldades de aprendizagem.

 

A introdução de símbolos na dinâmica de uma organização ou instituição deve ser um processo gradual. Deve começar com situações mais simples e passar depois para outras progressivamente mais complexas. Aos poucos, as pessoas ganham mais confiança e familiaridade com a utilização de símbolos, o que fará da sua utilização uma nova forma de comunicação.

 

 


Existe já alguma bibliografia sobre esta matéria, bem como exemplos de actividades com símbolos:

§         “Introdução à Comunicação Aumentativa e Alternativa” de Stephen von Tetzchner e Harald Martinsen, publicação da Porto Editora

§         “Literacy through Symbols” de Mike e Tina Detheridge, publicação de David Fulton Publishers

§         “Symbols Now” de Chris Abbot

§         Na Internet:

http://www.widgit.com

http://www.w3.org/2002/07/03-symbolAnnotation.html

http://www.handicom.nl/english/index.html

http://www.inclusive.co.uk/catalog/syms2000.shtml

 

 

Fica desde já o nosso convite a todos os participantes, utilizadores, criadores e destinatários de projectos nesta área para divulgarem e partilharem as suas experiências, opiniões e ideias, na nossa página da Internet, para que todos possamos incrementar cada vez mais a utilização criativa e inovadora da Escrita Com Símbolos.